VI.
Sobre apócrifos
e infiltrados
Azar?
Permita-me rir, por Deus. Essa é uma
Explicação
que só satisfaz aos imbecis.
(M. Zevaco.
Os Pardaillans)
CENIZA HNOS.
ENCADERNAÇÃO
E RESTAURAÇÃO DE LIVROS.
A moldura de madeira pendurava-se de uma janela com vidros
empoeirados e opacos. Era um rótulo riscado, cheio de rachaduras, descoloridos
pelo tempo e a umidade. A oficina dos irmãos Ceniza estava no mezanino de um
edifício antigo de quatro pisos, apoiado em cima, em uma rua sombria da velha
Madrid.
Lucas Corso chamou duas vezes sem obter resposta. Olhou o
relógio e, encostado na parede, se dispôs a esperar. Conhecia bem os costumes
de Pedro e Pablo Ceniza; nesse momento se encontravam a um par de ruas de
distância, junto da vitrina de mármore do bar La Taurina, bebendo meio litro de
vinho como café da manhã enquanto discutiam sobre livros e touradas. Solteiros,
bêbados, amuados e inseparáveis.