III.
Pessoas de toga e pessoas de espada
-Os que estão na tumba
não falam.
-Falam quando Deus quer –replicou Lagardere.
(P. Feval. El jorobado)
O passo da secretária redobrava no chão de madeira envernizada.
Lucas Corso a seguiu pelo largo corredor –paredes de cor creme suave, luzes baixas,
música ambiental- até chegar a uma pesada porta de carvalho. Obedeceu à
indicação de aguardar um instante e, depois, quando a secretária o deu um
sorriso breve e impessoal, entrou no escritório. Varo Borja estava sentado em
uma cadeira reclinável de couro preto, entre mogno e a janela com uma
esplêndida vista panorâmica de Toledo: velhos telhados ocres, a agulha gótica
da catedral recortada sobre um limpo céu azul e, ao fundo, a massa cinzenta do
Alcázar.
-Sente-se, Corso. Como está?
-Bem.
-Teve que esperar.
Não era uma desculpa, senão a constatação de um fato.
Corso torceu a boca.